Extraordiário
viajando pelo fabuloso mundo da poesia...
sábado, 31 de dezembro de 2011
Amigo
Shmuel se aproximou bastante de Bruno e olhou para ele assustado.
"Sinto muito por não termos encontrado seu pai",disse Bruno.
"Tudo bem",disse Shmuel.
"E sinto muito que não tenhamos podido brincar,mas quando você for a Berlim, é só o que faremos,e eu o apresentarei a...Puxa,como era mesmo que eles se chamavam?",Bruno se perguntou,frustrado,pois eles deveriam ser os seus três melhores amigos para toda a vida,mas tinham desaparecido de sua memória àquela altura.Ele não se lembrava de seus nomes nem de seus rostos.
"Pensando bem",ele disse,olhando para Shmuel,"não importa se eu lembro ou não.Eles não são mais meus melhores amigos mesmo."Ele olhou para baixo e fez algo bastante incomum para sua personalidade: tomou a pequena mão de Shmuel e apertou-a com força entre as suas.
"Você é o meu melhor amigo,Shmuel",disse ele. "Meu melhor amigo para a vida toda."
O menino do pijama listrado - John Boyne
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
O Arcano Nove
Era então que eu deveria ter dito: "Escute,mamãe, sabe o Red Beaumont? Certo,definitivamente ele não presta, ele pode ser um vampiro. Pronto,já disse. Agora, será que pode falar a ele que eu estou com enxaqueca e não posso ir jantar?" Mas não disse.Não podia.Só fiquei lembrando aquele olhar do Sr Beaumont. Ele ia contar à minha mãe. Ia contar a verdade.Sobre como eu tinha entrado em sua casa com motivos falsos,sobre aquele sonho que eu disse que tive.Sobre como eu falo com os mortos.
Não.Não,isso não ia acontecer. Eu finalmente tinha chegado a um ponto da vida em que mamãe estava começando a sentir orgulho de mim, até mesmo a confiar em mim. Era meio como se Nova York tivesse sido um pesadelo muito ruim, do qual ela e eu tivéssemos finalmente acordado. Aqui na California eu era popular. Era normal. Era maneira. Era o tipo de filha que mamãe sempre quis, em vez do fardo social que constantemente era arrastada para casa pela polícia por ter invadido lugares e criado problemas. Eu não era mais obrigada a mentir para um terapeuta duas vezes por semana. Não estava cumprindo detenção permanente. Não precisava ouvir mamãe chorando no travesseiro à noite, nem ver que ela começava a pegar pesado no valium, escondida, é claro, sempre que chegava a época das reuniões de pais e professores.
Ei, com exceção do sumagre venenoso, até minha pele havia melhorado. Eu era uma garota totalmente diferente. Respirei fundo.
- Claro, mamãe. Claro, as coisas estão mudando para nós.
A mediadora - O arcano nove, Meg Cabot
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Felicidade
Muitas vezes perdemos a possibilidade de felicidade de tanto nos prepararmos para recebê-la.Porque então não agarrá-la toda de uma vez?
Jane Austen
domingo, 29 de agosto de 2010
Poesia
Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
Vinicius de Moraes
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Fade to Black
A vida parece desaparecer
Esvaindo-se todos os dias
Me perdendo dentro de mim mesmo
Nada importa, ninguém mais
Eu perdi a vontade de viver
Simplesmente nada mais a oferecer
Não há nada mais para mim
Preciso do fim para me libertar
As coisas não são mais como costumavam ser
Faltando alguém dentro de mim
Mortalmente perdido,isso nao pode ser real
Não posso suportar esse inferno que sinto
O vazio está me preenchendo
Ao ponto da agonia
As trevas crescem tomando a aurora
Eu era eu mesmo, mas agora ele se foi
Ninguém além de mim pode me salvar, mas já é tarde demais
Agora eu não consigo pensar, pensar por que eu deveria tentar
O ontem parece nunca ter existido
A morte me recebe calorosamente, agora eu vou apenas dizer adeus.
Fade to Black - Metallica
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
A moça tecelã
Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
A moça tecelã - Marina Colasanti
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